Quem só leia, veja ou ouça, a opinião publicada ou comentada tem, forçosamente, de criar a perceção de que, em Portugal, se vive muito mal e cada vez pior.
Na verdade, as estradas e as autoestradas estão cheias de automóveis. As ruas estão cheias de pessoas. No verão não se cabe nas praias. Ao longo de todo o ano, cafés e hotéis estão cheios. Os hipermercados estão sempre cheios. Os aeroportos estão cada vez mais cheios. Os restaurantes estão todos os dias cheios. As redes sociais estão cheias de inutilidades. Os centros comerciais estão cheios de novas lojas e de muitas pessoas. As escolas estão cheias de alunos. As fábricas estão cheias de trabalho. Os escritórios estão cheios de empregados. As igrejas estão cheias de crentes. Os tribunais estão cheios de litigantes. As prisões estão cheias de nada. As esplanadas estão cheias de ociosos. As discotecas e bares estão cheios de estudantes e adolescentes. Os espetáculos e festivais estão cheios de público jovem e adulto. As exportações batem máximos. Nunca houve tantas pessoas empregadas e tão poucas desempregadas. Nunca se viajou tanto de e para Portugal. A maior parte das pessoas não trabalha durante cerca de 140 dias, fins de semana, feriados e férias de 30 dias, sendo todos estes dias pagos.
Vivemos em abundância de praticamente tudo. Nada nos falta neste país. Principalmente a paz e a segurança que escasseia em tantos outros. Mas, talvez a fartura faça mal a muita gente. Principalmente aos portugueses.
Sim, a vida em Portugal é negra. Sobretudo de noite!
José António Rousseau
Presidente do Fórum do Consumo
www.rousseau.com.pt
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